COMO PRECIFICAR UM PRODUTO ARTESANAL
Um produto artesanal é o que não tem interferências industriais na produção, desde o início até a embalagem.
Entretanto, a palavra artesanal é frequentemente mal utilizada, inclusive em rótulos de produtos claramente industrializados. Isso acaba até por banalizar o uso da palavra e confundir a cabeça do consumidor leigo.
Uma grande indústria de pães lançou um produto com o nome de ¨artesanale¨, obviamente procurando se apropriar das características do nome. Certamente fez isso buscando associar esta percepção de alto valor dos produtos artesanais e com isso ter um preço de venda mais alto.
Quando falamos de precificar um produto artesanal é preciso considerar o gasto com matéria prima e os outros custos e despesas para a entrega do produto e também praticar as estratégias que podem elevar o preço final.
É fundamental destacar os diferenciais e os benefícios, mostrando ao cliente que o produto é de fato artesanal. Isso vai contribuir para um preço de venda com mais potencial de lucro.
Neste artigo vou relacionar os principais tópicos para precificar um produto artesanal corretamente.
PERCEPÇÃO DO CONSUMIDOR
Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que o consumidor em geral tem pré-disposição de pagar mais por um produto quando enxerga que houve um esforço maior na fabricação. Sendo assim, os produtos artesanais têm um maior potencial de preço e de lucro e isso deve ser considerado no processo de precificação.
Mas, é preciso que estas informações estejam claras na comunicação com o cliente.
Alguns empreendedores têm lindas histórias de construção da receita, de vida profissional e ao invés de torná-las parte do processo, escondem.
Mas, se você fez e ninguém sabe, é como se não tivesse feito. Vivemos em um momento onde o consumidor está ávido por histórias, por saber a origem do que está comprando.
Concluindo: Não basta ser artesanal, tem que parecer artesanal e isso precisa ser bem comunicado ao cliente.
O QUE CONSIDERAR NA COMPOSIÇÃO DO PREÇO?
O processo de precificação sempre envolve a parte dos custos. E nos produtos artesanais não é diferente.
Então, é preciso começar pelo cálculo dos custos e despesas, como:
– Custo de matéria prima e embalagens – Aqui cabe ressaltar que todos os itens da embalagem tais como: tags, fitas, etiquetas e afins, devem ser considerados.
– Gastos fixos – Custos e despesas fixas como aluguel, energia, internet. Para quem ainda trabalha em casa, recomendo fazer um rateio dos gastos. Gastos fixos ocorrem sempre, independente de acontecer venda ou não. Eles podem variar de valor, mas são recorrentes.
– Gastos Variáveis – Custos e despesas variáveis, além da matéria prima e embalagens. São gastos que não ocorrem de forma fixa. Os custos são os que estão ligados ao produto, como a matéria prima. E as despesas estão ligadas a negócio como um todo, como por exemplo divulgação.
ALÉM DO CUSTO DE MATÉRIA PRIMA E GASTOS FIXOS E VARIÁVEIS É PRECISO CONSIDERAR
– Mão de obra – Aqui está um dos grandes erros. É frequente o empreendedor considerar que ¨Não há mão de obra envolvida porque eu mesmo produzo¨. Entretando, isso é um erro, pois sempre há mão de obra envolvida e não considerá-la na produção pode acarretar um problema futuro no negócio.
A mão de obra está ligada diretamente à produção e pode ou não ser feita pelo próprio empreendedor. Porém, se de fato for o próprio empreendedor a fabricar, este valor de mão de obra ficará para ele.
Assista este vídeo se quiser saber mais sobre mão de obra: https://youtu.be/FBG0bRPcY3w
– Taxas de pagamento – Taxas de máquina de cartão, de aplicativo devem ser consideradas sobre o preço de venda.
– Impostos percentuais – Caso o empreendedor seja enquadrado no Simples Nacional a alíquota deve ser considerada sobre o preço de venda.
QUANTIDADE VENDIDA X LUCRO X PREÇO
Se o produto for de produção demorada, isso pode limitar o crescimento do empreendedor. E esta é uma das primeiras contas a serem feitas para definir o preço de venda e até a viabilidade do negócio artesanal.
Este tipo de simulação é parte do planejamento de um negócio. Entretanto, os pequenos empreendedores costumam pular esta parte por não compreenderem o quanto é fundamental, ou mesmo por desconhecerem esta etapa da estruturação de um negócio.
Uma avaliação da capacidade de produção, do potencial de venda do produto e da margem de lucro possível ajuda no alinhamento das expectativas.
Nós empreendedores temos o sonho de viver do nosso negócio.
¨Vou viver da minha padaria artesanal¨, pensamos.
Mas qual é a expectativa de ganho? Se estamos falando de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) por mês, qual será a produção necessária para alcançar este valor?
Lembre-se que faturamento não é lucro. Então não é sobre o quanto vendemos e sim sobre quanto fica de lucro no caixa do negócio.
Embora um grande faturamento seja muito atrativo, o que permite que o empreendedor viva do seu negócio é o lucro.
O lucro é a diferença entre o faturamento e todos os custos e despesas. Você pode ver mais sobre este assunto AQUI.
ANÁLISE DO PÚBLICO ALVO
No processo de precificar um produto artesanal, definir o público alvo é fundamental. Embora o nosso desejo seja vender para todo mundo, na prática, isso não acontece.
Porque ninguém vende para todo mundo. Embora esta ainda seja uma ilusão de muitos empreendedores.
Então, é preciso responder algumas perguntas:
- Quem serão os clientes deste produto artesanal?
- Este público já tem o costume de comprar este produto? Com qual frequência?
- Este público está no raio de entrega do negócio?
Estas são perguntas que interferem na precificação. Se existirem segmentos de público alvo interessados no produto ou com demanda reprimida, o posicionamento de preço será diferente.
Esta análise é fundamental para posicionar o seu produto.
ANÁLISE DA CONCORRÊNCIA
Nós nunca devemos espiar a concorrência para copiar preços, isto pode ser fatal.
Porém, é bem útil pesquisar se já existem outros empreendedores vendendo o mesmo produto e como anda o negócio.
Essencialmente, os concorrentes nos ajudam muito, pois o cliente tem um ponto de comparação. Tudo que precisamos fazer é ter argumentos de venda e diferenciais competitivos que façam o cliente optar pelos nossos produtos.
RECAPTULANDO
Concluindo, para precificar um produto artesanal, o empreendedor precisa percorrer os seguintes passos:
- Estudar a nossa produção máxima com a estrutura atual.
- Em seguida calcular o custo do produto – e a melhor forma de fazer isso é usando uma ficha técnica.
- Calcular então os nossos outros custos e despesas.
- Definir o público alvo e pesquisar os concorrentes para entender a demanda deste produto na região onde atuamos.
- Definir a margem de lucro tomando como base as informações anteriores.
- Adicionar as taxas.
Se você está no início da sua jornada empreendedora, eu recomendo a leitura deste artigo: COMO COMEÇAR DO ZERO.